sexta-feira, 25 de abril de 2008

O presidente Lugo e a guerra do Paraguai (Argemiro Ferreira)

Na quarta-feira o colunista Elio Gaspari fez na página de opinião de "O Globo" esta afirmação sensata: "O que menos importa na eleição de Fernando Lugo para a presidência do Paraguai é o seu interesse em renegociar o tratado de Itaipu. Mesmo que por algumas semanas esse tema seja transformado num circo ele amadurecerá num nível em que se juntam presidentes, diplomatas e técnicos".

O problema é que o próprio "O Globo" está há muito dedicado ao circo - desde antes da eleição do Paraguai. Como não conseguiu a guerra com a Bolívia, quem sabe desta vez, botando ainda mais lenha na fogueira, provoque a do Paraguai. O jornal dos irmãos Marinho, com seus "generais de redação", nunca desiste, sempre aposta no retrocesso. Para isso recorre ainda ao bicho-papão Hugo Chávez.

O que falta, talvez, seja um Roberto Marinho para puxar a orelha dos "generais" e dizer a eles que o venezuelano Chávez não elegeu os Kirchner na Argentina, nem Morales na Bolívia, nem Correa no Equador, nem Tabarez Vasquez no Uruguai e nem Lugo no Paraguai. Apenas teve sensibilidade para perceber que o povo, em cada um desses países, queria mudança - e havia boas razões para isso.
Problemas que ajudamos a criar

De fato Roberto Marinho era apaixonado pelas ditaduras de Salazar e Franco, acreditou piamente na fantasia das "províncias portuguesas de ultra-mar" e repetiu à exaustão editoriais retrógrados em defesa do que não passava de relíquias obsoletas de um colonialismo intolerável. Mas apostaria, depois daquela lição, na promiscuidade Uribe-paramilitares-Bush como modelo para a América do Sul?

Até "O Globo" terá de admitir que não há outro caminho para o governo Lula além do reconhecimento da realidade. O gás da Bolívia e a energia de Itaipu não são problemas criados por Morales e Lugo. Ao contrário: os dois chegaram ao poder, ao menos em parte, por causa daquela realidade que ajudamos a criar - tão intolerável para bolivianos e paraguaios como o império colonial português para os africanos.

"Generais de redação" culparão Chávez ou Fidel. Mas em mais de meio século de ditadura colorada, como lembrou Gaspari, 16 presidentes do Brasil "deram uma mãozinha aos colorados", cuja cleptocracia "se aninhou nas fímbrias de Itaipu, no contrabando de Ciudad del Este, nas lavanderias financeiras e na bandidagem da região da Tríplice Fronteira. Lamentavelmente, a cada malfeitoria de paraguaio corresponde outra, de brasileiro", às vezes com origem do lado de cá.
Acordos eleitorais criminosos

Enquanto isso acontece no sul do continente, na Colômbia está em apuros o herói dos "generais de redação" de "O Globo", presidente Álvaro Uribe. Foi afinal para a cadeia Mario Uribe, primo dele e aliado político íntimo, além de ex-presidente do Senado. A prisão foi ordenada pelo Procurador Geral devido a suas ligações com os grupos paramilitares ilegais, ligados ao narcotráfico.

Trata-se daquele mesmo escândalo iniciado em 2006, embora o presidente - que também nomeou para o comando do Exército um general (Mario Montoya) ligado aos paramilitares - não só tenha sobrevivido até agora, com o respaldo (e os bilhões de dólares em ajuda) do governo Bush, como parece convencido de que, a exemplo do peruano Alberto Fujimori, ainda terá seu terceiro mandato.

O primo do presidente tentou obter asilo na embaixada da Costa Rica - pedido rejeitado porque já havia ordem de prisão decretada pela Justiça. Ele tinha renunciado ao Senado há seis meses, para evitar o julgamento pela Suprema Corte do país. Entre outras coisas, será acusado de fazer acordos com paramilitares direitistas para expulsar milhares de camponeses de suas terras em Sucre e Antioquia.

Mario Uribe é acusado ainda de se reunir duas vezes com o líder paramilitar Salvatore Mancuso, com o qual fez acordos eleitorais no início de 2002, ano da primeira eleição do atual presidente. A operação desencadeada para prendê-lo, segundo jornal local, provocou uma tempestade política. A metade dos 62 parlamentares acusados na investigação do paraescândalo já está na prisão.
Aquelas ligações perigosas

O plano de anistia do presidente Uribe destinava-se apenas a beneficiar os chefes paramilitares. Tornou-se um complicador ao ser descoberto que pelo menos 35% do Congresso estava sob o controle daqueles mesmos grupos ilegais, acusados ainda de relações íntimas com narcotraficantes. Acredita-se que depois da reeleição de Uribe em 2006, aquela percentagem ampliou-se a mais de 35%.

Álvaro e Mario Uribe fazem política juntos há mais de 20 anos. O primo do presidente tinha papel central na base de apoio ao governo. Em parte por isso, já houve vários confrontos entre o Judiciário e o Executivo. Em setembro do ano passado, Uribe iniciou ainda um série de confrontos com o presidente da Suprema Corte, César Julio Valencia, por causa das investigações.

O envolvimento da família Uribe com paramilitares e narcotraficantes é denunciado há anos. Na década de 1980 o pai do atual presidente ligou-se com chefões dos cartéis de Medellin, em especial os Ochoa e Pablo Escobar. Virginia Vallejo, ex-amante de Escobar, disse no livro "Armando Pablo, odiando Escobar" que o pai de Uribe, como diretor da Aeronáutica Civil, assinara dezenas de licenças para favorecer aviões de narcotraficantes.

Tribuna da Imprensa

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Combater a pobreza será desafio de novo presidente do Paraguai

23/04/2008 - 14h56

ASSUNÇÃO (Reuters) - O presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, disse nesta quarta-feira que o combate à pobreza será um dos principais desafios de seu governo, que em quatro meses assumirá a administração de uma das economias mais pobres da região.

Lugo foi eleito com aproximadamente 40 por cento dos votos nas eleições presidenciais de domingo, segundo os últimos dados oficiais, em uma votação histórica que colocou fim a 61 anos do governo de centro-direita do Partido Colorado.

Lugo, um ex-bispo católico, comandará uma economia que cresceu 6,4 por cento em 2007 graças a um aumento das exportações agropecuárias, mas com quase 40 por cento da população vivendo na pobreza.

"Um dos grandes temas e desafios é a geração de empregos e oportunidades para a maioria dos cidadãos", disse Lugo em uma conferência de imprensa em seu terceiro dia como presidente eleito.

No início de sua campanha, Lugo se declarou "o defensor dos pobres", com os quais conviveu durante mais de uma década quando bispo do Departamento de San Pedro, uma das regiões mais relegadas do Paraguai.

"Aqui não se dá oportunidade para muita gente, especialmente para o jovens", ressaltou.

"O Estado paraguaio é responsável pelo bem-estar de todos e não poupará esforços, meios e dinheiro para que esta pobreza crescente em nosso país seja reduzida", assegurou.

Durante o governo do presidente Nicanor Duarte Frutos, o número de pessoas vivendo na pobreza extrema aumentou, os preços dispararam e milhares de paraguaios deixaram o país em busca de empregos, principalmente na Espanha.

O desemprego no Paraguai alcança cerca de 11 por cento da população economicamente ativa, mas aproximadamente um quarto destas pessoas têm empregos informais.

Quando era candidato, Lugo se reuniu com paraguaios residentes na Argentina, Estados Unidos e Espanha, além de ter recebido um forte apoio eleitoral de Buenos Aires. Ele disse nesta quarta-feira que também dirigirá seu governo aos emigrantes.

"Isto não significa que 16 de agosto possam voltar os mais de 100.000 paraguaios que vivem na Espanha e nem os 500.000 que vivem na Argentina", disse.

(Reportagem de Mariel Cristaldo)
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* Desemprego
* geração de empregos

UOL

terça-feira, 22 de abril de 2008

A segunda guerra do Paraguai (Sebastião Nery)

Mário Palmério, o saudoso e telúrico romancista mineiro de "Vila dos Confins" e "Chapadão do bugre", deputado federal pelo PTB de 1951 a 63, foi embaixador do Brasil no Paraguai em 1963 e 64. Uma noite, toca o telefone da embaixada, era o ditador Stroessner:

- Dom Mário, estava precisando falar com o senhor. Pode passar aqui pela manhã, às cinco?
- Da manhã, presidente?
- Sim. Chego sempre ao palácio às cinco. É melhor para conversar.
- Presidente, em nome da amizade do Brasil com o Paraguai, essa conversa não podia ser às 11?
Podia. Foi às onze.
Stroessner

Mário Palmério, escrevendo seus poderosos romances e compondo belas guarânias ("Saudade" é uma das três músicas mais populares do Paraguai), fez da embaixada do Brasil em Assunção um refúgio de políticos e intelectuais da oposição. Uma tarde, chega à embaixada o então ministro do Exterior, Sapeña Pastor:

- Senhor embaixador dom Palmério, nosso país deseja e precisa manter as melhores relações possíveis com o Brasil. Mas o senhor tem aqui na embaixada, asilados, mais de 40 inimigos do regime, e isto está causando os maiores problemas para o governo. O senhor não podia tomar uma providência para ajudar meu ministério e nosso governo?
- Pois não, senhor ministro, já estou tomando. Vamos lá em cima, no segundo andar, para o senhor ver a beleza de apartamento que estou preparando para asilados de luxo.
- Mas esta é uma brincadeira de mau gosto.
- Não é não, senhor ministro. O general Stroessner, seu presidente, em outros tempos já foi hóspede da embaixada do Brasil. O senhor, em qualquer eventualidade, também pode contar conosco.

Sapeña Pastor saiu e nunca mais tocou no assunto. Quando foi derrubado, Stroessner fugiu para Brasília, onde viveu até morrer.
Jango

Nos fins de 1963, os jornalistas Murilo Marroquim e Benedito Coutinho, os dois mais antigos repórteres políticos de Brasília, foram chamados à Granja do Torto, residência oficial do presidente. Jango os esperava à beira da piscina, sozinho, serviu uísque aos dois:
- Vocês já estiveram na Rússia? (Murilo já, Benedito não). Pois se preparem os dois, que muito em breve iremos a Moscou. Olha, isso é inteiramente confidencial. Só quatro pessoas sabem disso: eu, o embaixador soviético e, agora, vocês.

Deu uma volta na piscina, pensando, voltou eufórico:

- Vamos construir a hidrelétrica de Sete Quedas (Itaipu).
- Com que recursos, presidente?
- São 12 milhões de quilowatts. Técnicos brasileiros e soviéticos. Três planos qüinqüenais. Financiamento russo a juros mínimos. Grandes exportações de produtos agrícolas brasileiros para a União Soviética, para facilitar o pagamento. Só os russos possuem, hoje, turbinas para o porte de Sete Quedas. Já sondei o Stroessner. A energia ociosa do Paraguai será comprada por nós. O embaixador soviético me disse que seu país não tem o menor interesse em disputar o mercado ocidental. Interessam-lhe grandes obras, como as de Assuã, no Egito.
União Soviética

Os dois ouviam, espantados, Jango sorriu:

- Vocês não acreditam? Tem mais. O plano global inclui a ligação do Amazonas ao Prata. Vamos realizar o velho sonho brasileiro.

Murilo Marroquim, com sua sabedoria pernambucana, interrompeu:

- Presidente, o plano é maravilhoso, mas o senhor não vai executar. É uma obra monumental, mas é uma obra política. A Rússia não fará uma Assuã na América Latina, porque os Estados Unidos não vão deixar.
- Somos um país livre, independente. Contarei com o apoio das Forças Armadas para resistir a qualquer pressão e contarei com o povo.
Três meses depois, Jango era derrubado.
Itaipu

Domingo, no "Globo", a banqueira Miriam Leitão, que entende mais de negócios americanos do que a Hilary, Obama e McCain juntos, lembrou:

1 - "Itaipu foi construída (no governo Geisel) com endividamento, os juros subiram muito no exterior, a dívida virou uma bola de neve, a empresa pagou uma grande parte, mas ainda há dívida até o ano 2023. A maior parte da receita da usina é para pagar a dívida. Por isso, o Paraguai recebe um valor por megawatt que considera menor do que merece".

2 - "O atual presidente Nicanor Duarte já tentou fazer mudanças no contrato de Itaipu, mas não foram aceitas pelo Brasil. Essa é uma história longa, que se resume no seguinte: Itaipu produz 14 mil MW de energia, dos quais cada país tem direito à metade. O Paraguai só precisa de uma pequena parte. Assim, vende o resto para o Brasil".

3 - "Hoje, o Paraguai recebe, líquido, US$ 350 milhões. Fernando Lugo (o candidato vitorioso, que era bispo, bispo verdadeiro, não fajuto, como o Crivella) acha que deveria ser, pelo menos, US$ 1,8 bilhão. A relação com o Paraguai nesse início do século XXI será desafiadora".
Vem aí a segunda guerra do Paraguai? Falta Caxias.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Lugo pede perdão à Igreja por sua desobediência

21/04/2008 - 17h56


ASSUNÇÃO, 21 Abr 2008 (AFP) - O ex-bispo católico e presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, pediu nesta segunda-feira perdão à Igreja Católica pela "dor" que causou com sua desobediência às leis canônicas, ao se lançar na disputa presidencial.

"Se minha atitude e minha desobediência às leis canônicas causaram dor, peço sinceramente perdão aos membros da Igreja", disse Lugo à imprensa.

O ex-bispo, suspenso por desobedecer o Vaticano, disse não saber responder como serão suas relações com os dirigentes da Igreja Católica no futuro: "cada vez que me perguntam isto sinto uma pontada no coração".

Em entrevista a uma rádio católica, Lugo destacou que "temos relações fecundas, históricas, que não foram esporádicas". Na noite passada "conversamos com padres e membros de muitas comunidades, que também são a Igreja, que não é apenas os dignitários".

Lugo apresentou sua renúncia ao Vaticano em dezembro de 2006, mas a Santa Sé não a aceitou e lembrou ao bispo que seu juramento é "por toda a vida".

A suspensão "a divinis" impede que Lugo exerça suas funções sacerdotais, lembrou a Nunciatura Apostólica uma semana antes das eleições.

Segundo o Vaticano, a vitória de Lugo nas eleições não modificará "a medida disciplinar" contra o bispo.
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* Vaticano
* Papa Bento 16




21/04/2008 - 14h02
Fernando Lugo diz "ter fé" em renegociação do Tratado de Itaipu com o Brasil
Carolina Juliano
Enviada especial do UOL
Em Assunção
"Como um homem de fé e esperança que sou, estou convencido de que chegaremos a um acordo com o Brasil sobre o tratado de Itaipu." Assim falou o presidente eleito no Paraguai, Fernando Lugo, aos jornalistas brasileiros que recebeu em sua casa na manhã desta segunda-feira (21), um dia após as eleições.

"O presidente Lula nos deu um sinal importante quando abriu a possibilidade de sentarmos todos a uma mesa, tendo posições diferentes, para entendermos a administração de Itaipu, o tratado, a transmissão da energia, o que significa o conceito de 'preço justo', o acordo de Foz do Iguaçu de 1966", disse Lugo. "Agora a primeira medida que devo tomar como presidente é formar uma equipe de técnicos capacitados para discutir o assunto, porque o próprio Lula nos disse que até os técnicos divergem nos números de Itaipu." Apesar da declaração de Lugo, o presidente Lula afirmou hoje que não vai rever o tratado. Depois que Lula falou, o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), afirmou que o reajuste do valor pago ao Paraguai por energia excedente não está descartado.


AFP

Nome Fernando Armindo Lugo Méndez
Nascimento: 30 de maio de 1951
Local: San Pedro del Paraná
Partido: Aliança Patriótica para a Mudança
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EX-BISPO VENCE ELEIÇÕES
LUGO FAZ HISTÓRIA
'MEIO-TERMO ENTRE CHÁVEZ E LULA'
PERFIL DE FERNANDO LUGO
OVELAR RECONHECE DERROTA
OVIEDO CUMPRIMENTA ADVERSÁRIO
CIUDAD DEL ESTE VAZIA
Lugo nega que pretenda tomar qualquer medida extrema, como fez Evo Morales, na Bolívia, ao nacionalizar as petrolíferas estrangeiras e aumentar o preço do gás. "A questão é diferente. O tratado com o Brasil é binacional. A Bolívia não tinha uma relação binacional, mas sim o contrato com uma empresa. A nossa relação com o Brasil é de país para país, de Estado para Estado, e tomara que isso possa facilitar a busca de um consenso que seja melhor para as duas partes."

Aguardar 2023 não nos interessa
O que resta ao Paraguai, caso o Brasil se negue a renegociar o Tratado, é aguardar até 2023, quando se encerra o contrato e a obrigação de o Paraguai vender seu excedente em energia para o Brasil. "Essa opção não convém aos paraguaios", disse Lugo. "Por isso vamos buscar uma saída racionalmente justa e não acredito que hoje nenhum governo da região pode se aferrar à irracionalidade, ou à unilateralidade."

O presidente eleito no pleito realizado neste domingo não acredita que o seu país tenha que vir a recorrer a instâncias jurídicas internacionais para garantir os seus direitos em Itaipu. "Não queremos ir tão longe nem tão alto", disse ele quando indagado se poderia recorrer ao tribunal de Haia. "Não iremos para fora enquanto não esgotarmos os meios de diálogos locais. Em primeiro lugar está a conversa entre Brasil e Paraguai e podemos buscar, ainda, se for o caso, algum país da região para mediar as negociações."

País mediador
Fernando Lugo diz não saber ainda que país da América Latina teria as credenciais para ser um mediador. Disse apenas que teria que ser uma nação que fosse da confiança das duas partes. "Acredito que devemos buscar aqui, dentro de casa, na integração regional, a solução para conflitos que se apresentem no interior destes países. Eu confio na racionalidade do governo brasileiro e o governo Lula nos deu uma abertura que não observamos em nenhuma outra ocasião, em 30 anos."

O presidente eleito pela Aliança Patriótica para Mudança, que em várias ocasiões no decorrer de sua campanha deixou clara a sua visão do Brasil como um país imperialista, em seu primeiro dia como presidente da República diz que não compartilha deste sentimento. "Alguns setores da sociedade vêem o Brasil assim e é preciso respeitar essa visão, dar liberdade a essas pessoas", disse ele. "As relações do Brasil com o Paraguai são historicamente marcadas, mas acredito que temos que aprofundar e melhorar essas relações. Construir relações mais fraternas, mais justas e solidárias."

Transição 'sem violência nem sangue'
Sentado em um sofá azul, cercado de uma dezena de jornalistas brasileiros e com outros tantos estrangeiros à espera do lado de fora da casa onde vive, na rua Nuñez de Balboa, esse ex-bispo católico que colocou fim a mais de seis décadas de domínio do Partido Colorado em seu país, enalteceu, sobretudo, a forma pacífica como decorreram as eleições deste domingo. Além disso, Lugo diz ter se surpreendido com a forma como seus opositores pacificamente reconheceram a sua vitória.

"Será a primeira vez na história deste país que haverá uma transição de poder de um partido para outro pacificamente, sem violência nem sangue", disse ele. "Estamos satisfeitos, sobretudo, por ter sido uma eleição participativa e pelo atual governo estar preparando e facilitando uma transição pacífica."

"Agora que consolidamos a nossa ousadia de querer ser governo, com apenas oito meses de formação dessa aliança, vamos reparar as fissuras, as deficiências e falências dessa união. Precisamos consolidá-la e ter unidade para estarmos preparados para governar."

Princípios e valores
Fernando Lugo diz que vai compor o seu gabinete de acordo com "princípios e valores". "O Paraguai tem um histórico de composição de governos segundo o partido. Dividir ministérios entre os partidos que formam um governo de coalizão. Isso já se provou ineficiente. Por isso pretendemos priorizar as pessoas capazes, mais idôneas, honestas e patrióticas, independentemente do partido a que pertença."

Na parede da sala daquela casa que tem apenas um quarto, um pequeno depósito, cozinha e um estúdio no andar de cima, um quadro traz os dizeres "o mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos". Nenhuma frase expressaria melhor o ânimo de Fernando Lugo no primeiro dia em que se levantou da cama como presidente da República paraguaia.

* do UOL Últimas Notícias

Lugo proclama vitória após eleição no Paraguai

Fernando Lugo, candidato oposicionista à presidência do Paraguai, proclamou no início da noite deste domingo a vitória após o pleito deste domingo.
Como no país sul-americano não há segundo turno, o candidato que tiver mais votos será eleito.
Na frente da Aliança Patriótica para a Mudança, perante diversos simpatizantes, o ex-bispo congratulou-os, alegando que eles seriam “culpados da alegria da maioria do povo paraguaio”.
No Partido Colorado, que governava o país até as eleições e indicou Blanca Ovelar como candidata, o clima era de derrota e o comitê ficou praticamente vazio após a divulgação das primeiras pesquisas de boca-de-urna.
Até as 23 horas (22 horas em Assunção), já haviam sido apuradas 85,21% das urnas. Lugo tinha 40,72% dos votos, seguido pela governista Blanca Ovelar com 30,79% da preferência.
O general reformado Lino Oviedo estava em terceiro lugar, com 21,98% dos votos. Lugo deve ser o primeiro presidente paraguaio que não pertence ao Partido Colorado desde 1947.

Lugo faz história no Paraguai e abre uma era de esperança e incertezas

21/04/2008 - 01h39




21/04/2008 - 01h39
Lugo faz história no Paraguai e abre uma era de esperança e incertezas

De Jesús A. Rey, da EFE
Em Assunção

O ex-bispo progressista Fernando Lugo conseguiu a façanha histórica de terminar com seis décadas de Governo absoluto do Partido Colorado, com o que se abre para o Paraguai um futuro de esperança, mas também de incertezas.

Uma figura emergente na política nacional como Lugo alcançou uma vitória inquestionável, o que nunca a oposição conseguiu fazer, principalmente o tradicional Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), durante 61 anos e especialmente após o final da longa ditadura do "colorado" Alfredo Stroessner, em 1989.

Com um país imerso na pobreza e no desemprego -que fez com que centenas de milhares de paraguaios emigrem- o ex-bispo da diocese de São Pedro (centro) surgiu há dois anos como uma das últimas esperanças para unir a oposição.

Se não conseguiu como era sua intenção uma união de todos os descontentes, há oito meses o bispo sancionado "a divinis" pela Santa Sé -que significa, segundo o Código de Direito Canônico, que o bispo continua obrigado aos seus deveres, embora esteja suspenso de seu ministério- aglutinou a direita representada pelo PLRA com cerca de 30 grupos de esquerda e organizações sociais.

Seu discurso promissor de união de todos os paraguaios para buscar o bem comum se plasmou primeiro em um amplo espectro ideológico que o levou neste domingo à vitória, em uma chapa com o líder do PLRA, Federico Franco, um confesso admirador de líderes conservadores como o espanhol José María Aznar.

Lugo terá que aliar em primeiro lugar projetos tão diversos como o de Franco e outros setores mais ao centro do PLRA, aos de grupos esquerdistas como o movimento radical Tekojoja ou o Partido do Movimento ao Socialismo (P-MAS), favoráveis a políticas como a do venezuelano Hugo Chávez ou do boliviano Evo Morales.

A espontânea concentração de milhares de pessoas, a maioria jovens, que tomaram o centro de Assunção na noite do domingo ao ser divulgada a vitória do ex-bispo, foi um sinal da esperança dos paraguaios ao receberam a mudança e também a ansiada queda dos "colorados".

Em suas primeiras declarações como futuro presidente, o ex-bispo insistiu na nova era da política nacional "sem clientelismos nem sectarismo", mas tudo dependerá da composição do novo Parlamento.

O Partido Colorado quase com segurança voltará a formar grupos fortes em ambas as câmaras, mas como bem sabe o atual presidente Nicanor Duarte, nem sempre votam em bloco pela diversidade de facções internas da legenda.

Duarte, ao reconhecer a derrota de sua candidata Blanca Ovelar, anunciou que o Partido Colorado, do qual é presidente licenciado, fará o possível para recuperar o poder o quanto antes possível, vaticinando uma oposição ferrenha ao próximo Governo.

Como os colorados, os parlamentares do PLRA, a segunda força no país, também não se destacam por sua fidelidade partidária.

Outro dos atores políticos com forte influência no próximo Congresso deve o general reformado Lino Oviedo, que hoje não conseguiu seu sonho de ser presidente do Paraguai, mas que com seu fiel grupo parlamentar pode se transformar em uma figura decisiva para a governabilidade do país.

Antes de assumir a Presidência no dia 15 de agosto próximo, Lugo terá que meditar muito e usar de toda reconhecida paciência para poder formar seu Governo, que já adiantou será integrado "pelos melhores, sem distinção de cores".

Outra dúvida a ser esclarecida nos próximos meses é a relação de Lugo com os vizinhos, especialmente com o Brasil, por causa de sua reivindicação sobre os benefícios da hidrelétrica de Itaipu. O Brasil se nega a renegociar o tratado de exploração do usina, apesar da afinidade ideológica de Lugo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Também existe expectativa com a posição do Vaticano pela rebeldia
de quem considera ainda bispo e agora futuro presidente de um país
com ampla maioria católica, religião à qual o futuro governante não
renuncia.
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* Desemprego
* Hugo Chávez
* Luiz Inácio Lula da Silva
* Vaticano
* Evo Morales

UOL

domingo, 20 de abril de 2008

Paraguaios vão às urnas para eleger novo presidente

20/04/2008 - 08h49


MARCIA DO CARMO
Enviada especial da BBC Brasil a Assunção

Dois milhões e oitocentos mil eleitores paraguaios poderão ir às urnas neste domingo para escolher o sucessor do atual presidente Nicanor Duarte Frutos, do Partido Colorado, sigla que comanda o país há 61 anos ininterruptos.

Os paraguaios escolherão entre quatro presidenciáveis: Blanca Ovelar, candidata governista, Fernando Lugo, ex-bispo católico da Aliança Patriótica para a Mudança (APC, na sigla em espanhol), o general da reserva Lino César Oviedo, do UNACE (União Nacional de Cidadãos Éticos), e Pedro Fadul, da coligação Patria Querida.

O pleito de domingo também decidirá governadores, senadores e deputados, num total de mais de 700 cargos.

Desemprego

O próximo presidente terá desafios econômicos e sociais de peso neste país de seis milhões de habitantes.
Após cinco anos de governo, Nicanor Duarte Frutos entregará a seu sucessor, no dia 15 de agosto, um país com altas taxas de crescimento - 4,5% por ano em média neste período - mas com elevados índices de pobreza, indigência e desemprego.

Os três indicadores são hoje iguais ou piores do que na época de estancamento econômico do país (1982-2002). Em 2002, em plena crise econômica após declaração de moratória da dívida pública, e um ano antes da eleição de Duarte Frutos, o desemprego no país era de 16,4%. No ano passado, o índice havia caído para 8,5%.

Apesar da melhora, os dados de subemprego (que incluem trabalhadores informais e os que trabalham poucas horas) preocupam. O índice de subempregados passou de 24%, em 2002, para 26,5%, no ano passado, de acordo com dados oficiais da Secretaria Técnica de Planejamento do país.

No Paraguai, quatro em cada dez pessoas são pobres, e dois em cada dez vivem na indigência.
Oitenta por cento dos que trabalham recebem menos do que um salário mínimo (1,4 milhão de guaranis ou cerca de US$ 280), diz o economista Dionisio Borda, ex-ministro da Economia do atual governo, professor da Universidade Nacional e diretor do Centro de Análises e Difusão da Economia Paraguaia (Cadep).

Diante da falta de oportunidades, também segundo dados oficiais, sessenta mil paraguaios deixaram o país no ano passado - um índice recorde na era democrática, que começou em 1993.

O Paraguai é o quarto exportador de soja do planeta e dono de uma das principais reservas energéticas do mundo, mas a falta de oportunidades intensificou essa saída de paraguaios que deixam o país em busca de melhores horizontes.

"A economia cresce empurrada pelas exportações da soja e da carne, mas não porque alguma coisa tenha sido melhorada internamente", disse Borda, em entrevista à BBC Brasil.

"Para os distraídos existe uma imagem de bem-estar, com pessoas usando celulares e comprando mais eletrodomésticos, mas isso está sendo possível pelas remessas enviadas por seus familiares do exterior."

Entre os próximos desafios do novo presidente estão o alto nível de corrupção no país e a desconfiança dos paraguaios nas instituições.

Leia mais

* Observadores dão sinal verde para eleição no Paraguai
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* Fernando Lugo, o bispo que largou batina para disputar Presidência
* Discussão sobre Itaipu marca último debate eleitoral no Paraguai
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* Lugo encerra campanha falando em "ressurreição" no domingo
* Favorito não comparece ao último debate antes de eleição paraguaia
* LIVRARIA: Série ensina inglês, espanhol, japonês e outras línguas em 15 minutos ao dia

Especial

* Leia o que já foi publicado sobre eleições no Paraguai

Folha Online

sábado, 19 de abril de 2008

Na porção Brasil de Assunção, os paraguaios nos são fiéis, como são à sua própria pátria

9/04/2008 - 19h11


Carolina Juliano
Enviada especial do UOL
Em Assunção

Onde a avenida Cerro Cora, uma das principais do centro da capital paraguaia Assunção, encontra a rua Brasil, tem um posto da Petrobras. Os frentistas, todo paraguaios, dizem que estão ali a serviço do Paraguai, mas para vender o combustível brasileiro. "Se assim é, assim deve ser", diz o invocado gerente que nem seu nome quis fornecer.

Se a História dá motivos de sobra para que os paraguaios temam o Brasil imperialista, pelo menos ali, uma faixa mal asfaltada de pouco mais de um quilômetro de extensão, onde Assunção é Brasil, o pacato povo paraguaio ou é indiferente à situação - como o gerente invocado - ou (a maioria) tem admiração e até gratidão pelo vizinho gigante.

POLUIÇÃO É PROBLEMA
Carolina Juliano/UOL
Ônibus velho trafega pela rua esburacada chamada Brasil
Carolina Juliano/UOL
Cidade paraguaia sofre com o trânsito e com a poluição visual
MERCOSUL MAIS JUSTO
A RELAÇÃO COM O BRASIL
QUAL É O SEU CANDIDATO?
IMAGENS DE CIUDAD DEL ESTE
Conforme listou, em entrevista concedida ao UOL na sexta-feira (18), o comunicólogo Juan Diáz Bordenave, são pelo menos três os motivos que o Paraguai tem para ver o Brasil como um opressor. Primeiro foram os bandeirantes que invadiam o Paraguai para roubar índios e escravizá-los; depois o Brasil interferiu na época da independência do país e ajudou a derrubar Rodriguez de Francia, "em uma das épocas mais prósperas do nosso país", nas palavras de Bordenave. E por último foi a Guerra da Tríplice Aliança (ou Guerra do Paraguai), desencadeada quando Dom Pedro II resolveu intervir na política interna uruguaia para que sua instabilidade não prejudicasse o Rio Grande do Sul e o Paraguai interveio militarmente, sob o comando de Solano López. Brasil, Argentina e Uruguai se uniram e derrotaram o Paraguai após 5 anos de lutas.

O Brasil esburacado e poluído

A porção Brasil de Assunção é caótica. Uma rua movimentada e esburacada, com trânsito carregado de ônibus, calçadas sem pavimentação e poluição visual. Na altura do número 200, em um pequeno comércio que vende de sabão em pó a empanadas, está uma envergonhada Guillermina Aualos Zaracho. A paraguaia de 30 anos é a terceira de oito filhos que vivem todos em Assunção. Há cinco anos, ela se mudou para a Argentina em busca de melhores condições de trabalho. "Mas não é bom lá, não. Eu nem ganhava bem e estava longe da família."

Guillermina só insistiu um ano. Voltou para o Paraguai e hoje é dona daquele pequeno estabelecimento. Você acha que o Brasil é assim como essa rua que leva o seu nome? Pergunto eu. "Não! O que é isso... O Brasil é grande e bonito", diz a paraguaia. "O seu país é muito bom e ajuda muito o Paraguai." Ela diz ainda que, dos vizinhos, ela não gosta dos argentinos "porque nos tratam mal". "Mas os brasileiros são amáveis e gostam dos paraguaios."

Entre mamões e pinhas

Na quadra seguinte à venda de Guillermina, o Brasil aparece de outra forma. Um anúncio da cerveja Brahma e um CD da cantora Joana em uma vitrine suja. Logo em frente onde todos os dias, há 37 anos, Maria de Salinas, de "quase 61 completos", instala seus caixotes com frutas frescas. Empilha também um jarro térmico cheio de suco de laranja e uma caixa, com salada de fruta. Vende o copo a 2.000 guaranis (R$ 0,70).

O PARAGUAI BRASILEIRO
Carlolina Juliano/UOL
"O Brasil é grande e bonito", diz a comerciante Guillermina Zaracho
Carolina Juliano/UOL
Maria de Salinas criou os filhos vendendo copos de suco de laranja
Carolina Juliano/UOL
Jamón Hernandez vende produtos brasileiros. "É? eu não sabia", diz
PONTE DA AMIZADE UNE PAÍSES
BRASIL TERÁ DIFICULDADES
'BRASIGUAIOS' REGULARIZADOS
UM ILUSTRE PARAGUAIO
Maria acorda às 4h todos os dias, viaja uma hora de ônibus até chegar ao Brasil paraguaio. "Com isso aqui criei seis filhos", conta. "Há dias melhores e outros piores, mas tenho que está sempre aqui. Não há trabalho, não há dinheiro, eu vou me virando. Só que com o passar do tempo, as dores nas costas vão piorando." Está na hora de a senhora se aposentar, dona Maria. "O que é aposentar, minha filha?", estranha ela. Quando explico os direitos que alguns governos dão aos trabalhadores depois de 60 ou 65 anos de idade, para que recebam dinheiro e não mais trabalhem, aquela senhora suspira fundo e limita-se a comentar "tem isso? seria bom".

O sentimento que Maria de Salinas tem pelo Brasil é de gratidão. "Eles nos enviam muitas coisas, o Brasil é bom. Ele é muito grande e ajuda o Paraguai. Essas frutas mesmo, vêm do Brasil. O mamão, a pinha...". Ela acha que se o Brasil não faz mais pelo Paraguai é porque não tem o que fazer e faz questão de dizer que os brasileiros são "queridos e simpáticos". "Mas os argentinos não. Daqueles eu não gosto."

O Brasil que ajuda

Já quase no fim da rua Brasil, onde o comércio começa a ficar escasso, logo após a "Livraria Brasil", Jamón Hernandez, 62, monta há 45 anos a sua barraquinha, onde vende cigarros, algumas revistas e variados tipos de balas e chicletes. Ao comprar uma pastilha de hortelã da marca Garoto, comento com ele que aquilo era um produto brasileiro. "Ah, sim? Não sabia. Mas é normal, o Brasil nos envia muitas coisas."

Quando percebe que sou brasileira, Hernandez desata a falar bem do vizinho "ilustre". "Brasil é o orgulho da América Latina. Não sei que paraguaio disse à senhorita que não gosta do Brasil. Não é possível não gostar de um país grande e bonito e que nos ajuda sempre." E depois anuncia a quem passa pela rua que ele está ali a conversar com uma jornalista do Brasil.

Se esses paraguaios que tanto admiram o Brasil conhecem a História, não vem ao caso. Fato é que como bom cidadãos patriotas, estes 'habitantes' da porção brasileira de Assunção se mostram fiéis ao país que dá nome à sua rua, como à sua própria pátria. Todos eles declaram que votarão em Fernando Lugo na eleição deste domingo e entoam as palavras "mudança" e "esperança" como um verdadeiro mantra.

UOL

General Lino Oviedo: da prisão para a disputa das eleições paraguaias

Internacional

19/04/2008 - 09h50

ASSUNÇÃO, 19 Abr 2008 (AFP) - De réu preso em uma prisão militar, condenado por tentativa de golpe e outros processos penais, Lino Oviedo se tornou um dos candidatos à Presidência do Paraguai da oposição que surgiu no cenário político paraguaio para competir nas eleições gerais de domingo.

O ex-chefe do Exército, de 64 anos, de origens camponesas, foi o homem que pessoalmente levou à rendição o ex ditador Alfredo Stroessner em 1989 e provocou a queda de seu regime de 35 anos de poder autoritário.

O respeito que obteve por esse fato o marcou como um homem temível que impulsionou sua carreira meteórica de coronel chefe do Exército, até chegar a candidato a presidente pelo Partido Colorado governista nas eleições de 1998.

Nessas eleições aparecia como líder das pesquisas, mas dois meses antes da votação, seu adversário político, o então presidente Juan Carlos Wasmosy (1993/98) o acusou de tentativa de golpe em 1996, o que causou sua condenação a 10 anos de prisão por uma corte marcial.

A partir de então, o atual candidato pelo Partido União Nacional dos Cidadãos Éticos (Unace), uma dissidência do Partido Colorado desde 2003, alternou sua vida entre a prisão, o poder e o exílio.

Com Oviedo preso e sob o lema "Cubas no governo, Oviedo no poder", Raúl Cubas, seu companheiro político venceu as eleições de 1998 com 54% dos votos.

Cubas liberou seu mentor político ao assumir o poder, mas Oviedo foi enviado novamente para a prisão no dia 24 de março de 1999, um dia depois da morte do vice-presidente Luis María Argaña em um atentado.

No dia 28 de março de 1999, Cubas foi derrubado e acusado ao lado de Oviedo pela morte de Argaña e de sete manifestantes anti-governistas.

Ambos se refugiaram no Brasil e na Argentina, respectivamente, onde receberam asilo político.

Em 9 de dezembro de 1999, dois dias antes da chegada à Presidência de Fernando de la Rúa, que prometeu expulsar Oviedo da Argentina durante sua campanha eleitoral, o líder da Unace fugiu desse país e reapareceu em junho de 2000 em Foz do Iguaçu, onde foi capturado pela Polícia brasileira.

O Supremo Tribunal do Brasil rejeitou um pedido de extradição do Paraguai e o liberou 18 meses depois após classificar seu caso de "perseguição política disfarçada".

No dia 29 de junho de 2004 retornou voluntariamente ao Paraguai e foi detido no aeroporto. No dia 6 de setembro de 2007 foi libertado da prisão depois que uma corte militar ressaltou que Oviedo foi vítima de perseguição política.

A Suprema Corte de Justiça do Paraguai declarou que Oviedo está habilitado para competir como candidato presidencial nas eleições de domingo.

UOL

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Lugo promete governar Paraguai sem cair na polarização regional

18/04/2008 - 18h24

ASSUNÇÃO, 18 Abr 2008 (AFP) - O ex-bispo católico Fernando Lugo, candidato de esquerda à Presidência do Paraguai, afirmou nesta sexta-feira que não teme fraude eleitoral e está confiante de que vencerá as eleições deste domingo; prometeu que sob seu governo o Paraguai evitará se posicionar em um dos pólos de esquerda regional, fará uma reforma agrária respeitando a Constituição e renegociará o preço da energia vendida ao Brasil.

"Não acredito em eventuais cenários violentos. Estou convencido de que domingo será uma jornada tranquila" e que "vamos ganhar", afirmou Lugo, favorito nas pesquisas, durante coletiva à imprensa na qual evitou associações aos governos de esquerda da região.

"Hoje se considera de 'esquerda' os que estão distantes dos Estados Unidos, os que falam em um 'socialismo do século XXI', e os que falam como 'progressistas'. Nós queremos percorrer nosso próprio caminho mantendo boas relações com todos os países", disse.

"O Paraguai não cairá na polarização", mas "manterá um justo equilíbrio e sua identidade", afirmou Lugo, candidato da coalizão Aliança Pela Mudança (APC, sigla em espanhol).

"Queremos um país aberto ao mundo e aos grandes desafios da modernidade, e essa é uma das tarefas que realizaremos depois de domingo", garantiu na sede de sua campanha, ao lado de cartaz que dizia "Sem cultura este país é uma ditadura", "Cultura em primeiro lugar!" e "Artistas pela mudança".

Questionado sobre a reforma agrária, respondeu que a Constituição paraguaia "garantirá a propriedade privada, mas também que todos tenham o direito à própria terra".

"Vamos fazer uma reforma agrária planejada e negociada com todos os setores envolvidos. Não podemos fazer uma reforma que gere processos traumáticos ou violentos", afirmou.

"Não podemos relacionar reforma agrária a processos de expropriação" nem "cair na expropriação pela expropriação", acrescentou.

O ex-bispo, que aderiu à Teologia da Libertação e aposentou a batina em 2006 para disputar a presidência, lidera as pesquisas de opinião com 34% das intenções de voto, seguido do ex-general Lino Oviedo, com 29% e a candidata do governo Blanca Ovelar, ex-ministra de Educação do atual presidente Nicanor Duarte, que está em terceiro, com 28,5%.

Ouvido sobre a incorporação da Venezuela ao Mercosul, aceita pela Argentina e o Uruguai, mas pendente de aprovação pelos parlamentos do Brasil e do Paraguai, Lugo afirmou: "Muitas vezes identificamos nosso país com nossos governantes, quando na realidade somos administradores temporários".

"Algumas pessoas têm perguntas para o mandatário Hugo Chávez, e não para a Venezuela. Eu pessoalmente acredito na integração latino-americana", ainda que "com regras claras" ressaltou.

O ex-bispo prometeu também renegociar a maneira como o Paraguai vende a energia elétrica da represa binacional de Itaipu ao Brasil para estipular "um preço de mercado".

"A energia não está sendo vendida ao Brasil por um preço justo porque é valor de custo e não o de mercado", frisou.

"Ninguém dá energia a preço de custo. A Venezuela não vende seu petróleo a preço de custo. Assim como o Chile não dá o seu cobre e a Bolívia não vende o seu gás a preço de custo", acrescentou.

O Paraguai vende ao Brasil o excedente de sua parte da energia que não consome a um preço fixado em um acordo de 1973, quando ambos os países eram governados por ditaduras.

Lugo alega que os 300 milhões de dólares pagos pelo Brasil anualmente ao Paraguai são irrisórios quando na realidade deveria pagar entre 1,5 a 2 bilhões de dólares, a preço de mercado.
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quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ex-bispo e ex-militar golpista complicam primeira candidata mulher paraguaia

17/04/2008 - 18h31

ASSUNÇÃO, 17 Abr 2008 (AFP) - Um ex-bispo católico progressista e um ex-militar golpista de direita ameaçam tirar o Partido Colorado do governo após 60 anos no poder, concorrendo com a candidata governista Blanca Ovelar, primeira mulher a tentar a presidência no Paraguai, nas eleições do próximo domingo.

O ex-bispo Fernando Lugo, de 56 anos, candidato pela Aliança Patriótica para a Mudança (APC), e o general reformado Lino Oviedo, de 64, que concorre pelo partido União Nacional de Cidadãos Éticos (Unace), estão deixando Ovelar, de 50 anos, para trás nas pesquisas de intenção de voto.

As preferências, de acordo com a última pesquisa, apontam Lugo - punido com a suspensão "a divinis" pelo Vaticano por ter abandonado a batina para se candidatar - aparece na frente, com 34%, seguido de perto por Oviedo, com 29%, e Ovelar, com 28%. Em quarto lugar aparece o empresário Pedro Fadul, da formação "Pátria Querida", com 4%.

Os gigantes Argentina e Brasil agora voltam suas atenções para o pequeno vizinho após uma campanha que jogou luz sobre os "irrisórios" preços pagos pela energia elétrica paraguaia.

O temor de que ocorra uma mudança ao estilo boliviano nas relações exteriores do Paraguai, devido à possibilidade de que o próximo governante decida aumentar as tarifas, como fez Evo Morales com o gás ao assumir, chamou atenção do mundo para este quase esquecido país da América do Sul.

A imprensa tem acompanhado Lugo de perto, e alguns veículos já o chamam de "agitador de galinheiro". O ex-bispo esquerdista já prometeu "exigir" a renegociação do tratado da hidrelétrica binacional de Itaipu com o Brasil caso chegue à presidência.

Lugo se refere ao acordo assinado em 1973 pelos então ditadores Alfredo Stroessner e Garrastazú Medici, segundo o qual foi construída a maior represa hidroelétrica do mundo sobre o caudaloso rio Paraná, localizado na fronteira entre os dois países.

Quanto ao chamado "general golpista" Lino Oviedo, seu passado é marcado pela vitória sobre o então todo-poderoso Stroessner, derrubado na madrugada de 3 de fevereiro de 1989, após 35 anos de ditadura.

Posteriormente, Oviedo foi acusado de outra tentativa de golpe, em 1996, e viu-se impedido de continuar a campanha à presidência de 1998, a apenas dois meses das eleições.

Seu companheiro de então, Raúl Cubas, assumiu a liderança e venceu com 54% dos votos, mas foi derrubado sete meses antes de assumir por ter assassinado seu vice-presidente, Luis María Argaña, e sete manifestantes anti-oviedistas dois dias depois.

Oviedo conseguiu fugir para a Argentina e para o Brasil após ser acusado pelos crimes, mas retornou ao Paraguai em 2004 e foi detido.

O ex-general ficou preso até setembro de 2007, quando foi absolvido após uma mudança de autoridades no Judiciário, motivo pelo qual pôde se candidatar nestas eleições.

Por sua vez, a governista Blanca Ovelar foi ministra da Educação dos governos de Luis González Macchi (designado pela Corte para suceder Cubas) e do atual presidente Nicanor Duarte, seu mentor político.

Cerca de 3 dos 6 milhões de paraguaios estão inscritos para votar.

Jorge Acosta, diretor de registros eleitorais, estima que haverá uma alta participação, da ordem de 72%.

A oposição alertou observadores estrangeiros sobre a possibilidade de fraude, denunciando a identificação de várias pessoas mortas entre as listas de eleitores.

Juan Manuel Morales, diretor das eleições, desmentiu a versão de fraude, embora tenha admitido a existência de falecidos na listagem eleitoral. Apesar disso, a Corte Eleitoral paraguaia garante que as eleições serão "absolutamente transparentes".

Morales anunciou que a missão de 70 observadores da OEA, encabeçada pela ex-chanceler da Colômbia, Ema Mejía, terá autorização para a supervisão do pleito.
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* Itaipu
* Papa Bento 16


UOL

Andrés Pastrana recomenda tranqüilidade para partidos no Paraguai

17/04/2008 - 18h33


Assunção, 17 abr (EFE) - O ex-presidente colombiano Andrés Pastrana recomendou nesta quinta-feira que os partidos políticos do Paraguai aguardem com tranqüilidade os resultados eleitorais.

Pastrana, que lidera em Assunção uma missão de observadores da Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais (Ifes, na sigla em inglês) para as eleições de 20 de abril, fez a recomendação durante uma entrevista coletiva, na qual considerou que após as votações poderá se revelar um novo cenário político no país.

O ex-chefe de Estado colombiano (1998-2002) afirmou que, de acordo com o panorama eleitoral, se "vislumbra" que "o Congresso vai ficar totalmente diferente" após o pleito.

"Haverá um novo cenário eleitoral e um novo cenário político no Paraguai em virtude de tantos partidos políticos que hoje, neste momento, estão buscando cadeiras no Legislativo", apontou Pastrana.

O ex-presidente colombiano defendeu, além disso, evitar "acontecimentos que precisamente possam gerar situações difíceis", a fim de que exista maior "legitimidade de quem vá ser eleito presidente no próximo domingo".

Pastrana também expressou seu desejo de que "o povo paraguaio saia em sua totalidade a votar e definir o que quer para seu país".

Além da Ifes, a Organização dos Estados Americanos (OEA) enviou observadores eleitorais coordenados pela ex-chanceler colombiana María Emma Mejía, e também estarão presentes os examinadores da Confederação Parlamentar das Américas (Copa).

Os paraguaios elegerão no domingo o sucessor do presidente Nicanor Duarte e os governantes dos 17 departamentos (províncias) e suas respectivas juntas departamentais, além de 45 senadores, 80 deputados e 18 parlamentares do Mercosul, para um mandato de cinco anos.
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* Mercosul

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Candidato da oposição paraguaia diz que só perde em caso de fraude

17/04/2008 - 11h22


Buenos Aires, 17 abr (EFE).- O ex-bispo católico Fernando Lugo, favorito nas pesquisas para as eleições presidenciais no Paraguai, disse que "será fraude" caso vença outro candidato, enquanto a candidata governista, Blanca Ovelar, pediu um pleito transparente.

"Há 14 meses lideramos as pesquisas, sendo que as últimas nos dão quase 16 pontos de vantagem (em relação a Ovelar)", disse Lugo em entrevista publicada hoje pelo jornal argentino "Clarín".

O candidato da Aliança Patriótica para a Mudança (APC) disse que caso vença outro candidato nas eleições de domingo "não será milagre, e sim fraude".

Já Blanca Ovelar, do governante Partido Colorado, afirmou que as denúncias de Lugo aumentaram depois que começaram a crescer as intenções de voto a favor dela.

"Os paraguaios sabem fazer eleições limpas e transparentes. As últimas três eleições nacionais foram inquestionáveis", disse a candidata ao jornal local "La Nación".

"Dois meses atrás, quando as pesquisas mostravam que a Aliança tinha muitos pontos de vantagem, ninguém falava de fraude. Mas à medida que foi crescendo as intenções de voto para mim, a oposição começou a disseminar medo", disse Ovelar.

Em contrapartida, Lugo assinalou que "já houve denúncias de cédulas que aparecem marcadas, mudanças de eleitores de uma povoação para outra, além da compra de títulos de eleitor". Segundo ele, "é preciso ver o que acontecerá no dia das eleições".

Ovelar disse que o Paraguai terá "pela primeira vez" uma presidente e considerou que para "a nova realidade do país é preciso um olhar feminino".

"A mudança não significa que seja de cor nem de partido, mas sim uma mudança no conceito de política. A oposição teve espaço e não demonstrou capacidade de transformação", disse a candidata governista, que pode ser a primeira mulher a governar o país.

UOL

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Atentado que matou brasileira foi ajuste de contas, diz jornal paraguaio

10/04/2008 - 07h20


da BBC Brasil

O atentado realizado na noite desta terça-feira (8) contra o radialista e político paraguaio Alfredo Tomás Avalos, que provocou a morte de sua mulher, a brasileira Silvana Rodríguez, foi um ajuste de contas entre inimigos e não um crime político, segundo diz reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal ABC Color, de Assunção.

Avalos, que ficou gravemente ferido, é líder do partido Tekojoja, que apóia a candidatura presidencial do oposicionista Fernando Lugo, apontado como favorito nas pesquisas de opinião para as eleições do dia 20 deste mês.

O "ABC Color", maior jornal do Paraguai, cita um promotor responsável pela localidade de Curuguaty, onde ocorreu o atentado, que descartou a possibilidade de um crime político.

"Os investigadores policiais encarregados de esclarecer o crime apontam a possibilidade de um possível ajuste de contas executado por matadores que desde o mês passado eliminaram vários narcotraficantes instalados nessa cidade", diz a reportagem.

O jornal cita o depoimento à polícia do enteado de Avalos, filho da brasileira morta, que teria relatado ameaças sofridas pelo radialista.

Disputa com brasileiro

Em sua edição da véspera, o "ABC Color" comentou que Avalos mantinha uma disputa judicial de três anos com o brasileiro Aristeu Falkenbak, a quem havia acusado, como locutor de uma rádio local, de chefiar uma máfia do narcotráfico.

A reportagem publicada na quarta-feira também levantava a hipótese de Silvana ter sido o alvo principal do atentado, por supostamente conhecer a identidade do matador brasileiro responsável pela onda de assassinatos relacionados a disputas do narcotráfico nas cidades de Curuguaty e Salto del Guairá.

O jornal comenta ainda que o presidenciável Fernando Lugo também "se mostrou cauteloso de qualificar o crime de político".

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Paraguai elege novo presidente em duas semanas


Segunda-feira, 07 de Abril de 2008 | 12:03Hs

William Franco

No próximo dia 20, os paraguaios escolherão quem vai substituir Nicanor Duarte na Presidência do país nos próximos cinco anos. Mais de 2,8 milhões de eleitores irão às urnas, segundo dados da Justiça Eleitoral da República do Paraguai. A previsão é de que o resultado oficial seja divulgado no dia 23 de maio. A posse do novo presidente será em agosto.

Pela primeira vez em 60 anos, o Partido Colorado, no poder desde o início da ditadura militar em 1954, quando o general Alfredo Stroessner deu um golpe de Estado e assumiu a Presidência, pode deixar o poder. Pesquisas de opinião apontam uma diferença mínima entre a candidata do partido, Blanca Ovelar, e o ex-bispo Fernando Lugo, candidato da Aliança Patriótica para a Mudança (APC, na sigla em espanhol).

Nas eleições majoritárias – para presidente e governador – basta alcançar maioria simples dos votos para ser eleito, não é necessário obter mais de 50%. “Um voto define a eleição”, diz o embaixador do Paraguai no Brasil, Luis Gonzalez Arias.

Além de presidente e governador dos departamentos (o equivalente aos estados brasileiros), também serão eleitos deputados, senadores, parlamentares do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e representantes para as Juntas Departamentais. No caso dos parlamentares, o critério para a eleição é proporcional, com sistema de listas. Gonzalez Arias explica que os partidos elegem um candidato para cada 15 mil votos que a lista recebe.

Entre os principais candidatos a presidente, além de Blanca Ovelar (Partido Colorado) e Fernando Lugo (APC), também está o ex-general Lino Oviedo, pela União Nacional dos Cidadãos Éticos (Unace).

Um dos pontos mais discutidos na campanha é a renegociação do contrato da Usina Binacional de Itaipu, defendida especialmente por Lugo. De acordo com o tratado, cada um dos países tem 50% da energia produzida pela usina. O que o Paraguai não consome ele deve necessariamente repassar ao Brasil, por um valor definido a partir de cálculos descritos no próprio contrato.

Lugo afirma que o preço pago pelo Brasil ao Paraguai pela energia excedente não é justo e, em visita ao Brasil, pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que seja aberta uma mesa de negociação para discutir o tratado.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), não foi solicitado ao Brasil que envie observadores para acompanhar o processo eleitoral. Haviam sido oferecidas urnas eletrônicas, mas as eleições serão realizadas da forma tradicional, com cédulas de papel.




Agência Brasil

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Ex-bispo opositor mantém liderança na corrida presidencial do Paraguai

04/04/2008 - 17h58

da Efe, em Assunção

O ex-bispo Fernando Lugo mantém vantagem sobre Blanca Ovelar, candidata do governante Partido Colorado, faltando 16 dias para as eleições presidenciais no Paraguai, segundo uma nova pesquisa publicada nesta sexta-feira.

A pesquisa do instituto First Análisis y Estudios publicada pelo jornal "Abc Color" dá a Lugo, da opositora Aliança Patriótica para a Mudança (APC, na sigla em espanhol) 33,6%, enquanto Ovelar aparece com 27,4%.

Os indecisos somam 10,9%, e o relatório indica que este segmento "será vital para decidir quem será o próximo presidente do Paraguai" a partir de 15 de agosto e para um mandato de cinco anos.

No terceiro lugar da corrida eleitoral aparece o general reformado Lino Oviedo, líder da União Nacional de Cidadãos Éticos (Unace), com 24,6%, enquanto o empresário Pedro Fadul, do Movimento Pátria Querida, está em quarto, com apenas 3,6%.

O resultado da pesquisa do "Abc Color" é parecido com o divulgado ontem pelo jornal "La Nación", baseado em um estudo do instituo Ati Snead, que concedeu dez pontos de vantagem a


Lugo sobre Ovelar.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Candidato de oposição no Paraguai aumenta vantagem--pesquisa

03/04/2008 - 15h11

ASSUNÇÃO (Reuters) - O candidato da oposição à Presidência do Paraguai, Fernando Lugo, tem uma vantagem de 10 pontos sobre a candidata da situação, Blanca Ovelar, segundo uma pesquisa publicada nesta quinta-feira, faltando menos de três semanas para as eleições gerais do país.

O estudo da consultora Ati Snead publicado pelo diário La Nación disse que Lugo, um ex-bispo católico, ganharia 36,8 por cento de apoio contra 26,4 por cento de Ovelar. O periódico La Nación assegurou que Lugo ampliou sua vantagem sobre a ex-ministra da Educação em comparação à última sondagem publicada pelo jornal há duas semanas, que indicava uma diferença de 5,9 pontos.

Em terceiro lugar, com 24,3 por cento, figura o general aposentado Lino Oviedo, enquanto a quarta posição é ocupada pelo empresário Pedro Fadul com 2,8 por cento.

A porcentagem de indecisos foi de 6,3 por cento, segundo a pesquisa realizada entre 29 de março e 1o de abril, com 1.536 pessoas consultadas e com uma margem de erro de 3,5 por cento.

Uma pesquisa de outra empresa foi divulgada na quarta-feira e deu 0,8 ponto de vantagem para Lugo, que ameaça a permanência de seis décadas no poder do Partido Colorado.

A pesquisa do Instituto de Comunicação e Arte (ICA) deu 30,9 por cento de votos a Lugo e 30,1 a Ovelar.

(Reportagem de Mariel Cristaldo)

UOL