sábado, 16 de agosto de 2008

Senador Delcidio Amaral diz que Brasil vai ajudar Paraguai em nova fase


Senador Delcídio com deputado Dr. Rosinha, presidente da Comissão do Parlamento do Mercosul e presidente Lula, em Assunção

Bianca Cegati
Divulgação

Com a posse do presidente Fernando Lugo, que assumiu o cargo ontem, em Assunção, no Paraguai, o senador sul-mato-grossense Delcídio do Amaral (PT/MS) anunciou que acredita no início de um novo momento para o país vizinho.

Ele participou da cerimônia, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e afirmou que a previsão é de que Lugo faça um governo centrado na melhoria das condições de vida das classes menos favorecidas, além de propiciar a integração do Paraguai com os outros países da América do Sul.

Para o parlamentar, o Brasil tem muito a colaborar com o desenvolvimento do Paraguai, devido aos interesses comerciais, a cultura e as tradições comuns. Dois dos pontos fortes dessa possível parceria são os projetos nas áreas de energia e logística, afirmou Delcídio.

O senador destacou que, no discurso de posse, o novo presidente não fez qualquer referência a um suposto desejo do governo paraguaio de onerar os contratos de exploração da Usina Hidrelétrica de Itaipu, construída pelo Brasil na fronteira dos dois países, e da Usina de Yaceretá, localizada à jusante de Itaipu, na fronteira com a Argentina.

Delcídio considera possível o desenvolvimento de projetos na área de hidroeletricidade que podem contribuir para a integração da região no setor de energia o que levará benefícios para a maior parte dos países sul-americanos.

Durante a fala de Lugo, na posse, o parlamentar disse ter sentido o comprometimento do novo chefe de Estado em combater a corrupção e promover o crescimento da economia.

Lula diz que está disposto a discutir com Paraguai o Tratato de Itaipu

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil


Brasília - Em viagem ao Paraguai, onde participou da cerimônia de posse do novo presidente do país, Fernando Lugo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (15) que está disposto a discutir a questão de Itaipu binacional.

“Itaipu tem uma reivindicação antiga dos companheiros do Paraguai e nós vamos discutir com eles. Primeiro, precisamos saber qual vai ser a demanda que o presidente Lugo vai fazer ao Brasil. O que for possível negociar nós vamos negociar porque nós queremos ajudar o Paraguai. Há o compromisso nosso de ajudar o Paraguai a melhorar a situação do seu povo”, disse o presidente.

No entanto, Lula disse que não pretende negociar aumento de tarifa de energia elétrica. “Vamos ver qual será a demanda deles porque qualquer aumento de tarifa vai para o povo brasileiro, aí fica complicado. Mas como o presidente Lugo ainda não me apresentou a demanda, eu vou aguardar”, disse Lula, antes de embarcar para o Brasil.

A renegociação do Tratado de Itaipu é uma dos principais temas a ser tratado pelo novo governo do Paraguai porque a hidrelétrica, a maior do mundo em produção, é a principal empresa do país vizinho. Atualmente o tratado prevê que a energia gerada seja distribuída igualmente entre os dois sócios.

No entanto, o Paraguai utiliza apenas cerca de 5% de sua parte na energia produzida, o que é suficiente para cobrir 95% da demanda do país. O que resta é vendido ao Brasil pelo preço de US$ 45 por megawatt hora. No Brasil, 20% da energia elétrica consumida vem de Itaipu. Entram na composição do preço os custo de operação da hidrelétrica, juros da dívida e royalties. O Paraguai quer aumentar mais US$ 2,80 no preço do megawatt hora, que conrespondem à compensação pela cessão de energia não utilizada pelo país vizinho.

Antes de embarcar de volta, Lula reiterou ainda que uma das prioridades da política externa brasileira é ajudar o desenvolvimento das economias mais pobres e assumir responsabilidades com os países da América do Sul e do Mercosul. “O Brasil tem responsabilidade em ajudar os países mais pobres da América do Sul e do Mercosul a se desenvolver.Na medida que eles cresçam, eles ajudarão a crescer todo o bloco e todo o continente”, disse o presidente.

Lula convidou o novo presidente paraguaio para uma reunião no Brasil com o objetivo de discutir acordos bilaterais, entre eles na área de energia. Lula ainda avaliou a eleição de Lugo como uma renovação de esperança para o povo paraguaio. "Só nos resta contribuir para que essa esperança não seja frustrada. O Brasil precisa colaborar mais com o Paraguai", disse o presidente.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Ex-bispo toma posse como presidente do Paraguai


Após seis décadas de hegemonia colorada, Fernando Lugo chega ao poder

Paulo Fernandes
ABC Digital

Marcando o fim de 61 anos de hegemonia do Partido Colorado, o ex-bispo Fernando Lugo Méndez, de 57 anos, foi empossado nesta manhã como novo presidente do Paraguai. O ex-bispo chega ao poder apoiado por movimentos sociais e respaldado por partidos que eram da oposição.

Ao som da banda presidencial, ele recebeu o bastão presidencial das mãos do presidente do Congresso, Enrique González Quintana.

A posse foi marcada pela presença de presidentes de outros países, além de outros políticos, empresários e representantes da Igreja Católica. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos presentes, assim como o senador Delcídio do Amaral.

Segundo o site ABC Digital, a posse contou ainda com os presidentes Cristina Kirchner (Argentina), Michele Bachelet (Chile), Hugo Chávez (Venezuela), Rafael Correa (Equador), Tabaré Vázquez (Uruguai) e Evo Morales (Bolivia), além de representantes de outros países como Cuba, Panamá, Irã e Arábia.

Lula entrou na arapuca (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)

BRASÍLIA - O presidente Lula viajou ontem à tarde para Assunção a fim de assistir, hoje, à posse de Fernando Lugo na presidência do Paraguai. Estarão presentes todos os presidentes de países da América do Sul, fora algum retardatário.

O ex-bispo assume o governo de seu país em estado de graça. Até o papa Bento XVI admitiu, numa dessas filigranas da doutrina católica, dispensá-lo das ordens sacerdotais. O Paraguai vai dispor de uma primeira-dama, já que mesmo para casar o novo presidente paraguaio está autorizado. Em se tratando de um férreo defensor da Teologia da Libertação, ele conta com a boa vontade do Vaticano e do mundo em geral.

Os Estados Unidos se farão representar por um enviado especial, certamente pleno de sorrisos e de promessas. Acontece que o primeiro entrevero desse moderno Paraguai tem data marcada. Até o final do mês Fernando Lugo terá aberto formalmente conversações com o governo brasileiro para rever o tratado de Itaipu. Pretende receber mais pelos quilowats que o Brasil produz e entrega a seu país, para recebê-los de volta pelo preço acertado ainda nos tempos do governo Geisel. Reivindica, também, o direito de revender a energia a que tem direito para outros países, como o Chile, a Argentina e o Uruguai.

Eis a receita de uma arapuca em que nos metemos sem querer, e da qual será difícil sair sem arranhões. Porque de um lado Hugo Chávez e sua turma estimulam Lugo a insurgir-se contra o "imperialismo" brasileiro. Os presidentes da Venezuela, Bolívia, Equador e outros ditos esquerdistas de verdade dão respaldo à pretensão paraguaia. De outro lado, Chile, Argentina e Uruguai também se mostram simpáticos à revisão do tratado de Itaipu, pois serão diretamente beneficiados. Falta-lhes energia para enfrentar o futuro e nada melhor do que comprá-la numa fonte até agora interditada.

Se dependesse do ministro Edison Lobão, das Minas e Energia, além do ministro das Relações Exteriores, da chefe da Casa Civil, do presidente da Eletrobrás e do presidente da Itaipu, nossa resposta seria negativa. Nem admitiríamos conversa. Afinal, há um contrato assinado, valendo referir que o Paraguai não gastou um centavo, sequer, na construção da maior usina hidrelétrica do Ocidente. Fizemos tudo, dando parceria ao vizinho por questões geográficas.

O problema é que em situação parecida o presidente Lula cedeu. Foi há um ano e pouco, quando Evo Morales ocupou e nacionalizou refinarias de petróleo construídas na Bolívia pela Petrobras, usando tropa do Exército, exigindo também que pagássemos mais caro pelo gás que importamos. Afinal, estávamos ajudando um país em dificuldades, o mais pobre do continente. O diabo é que o Paraguai não fica atrás, em termos de miséria.

Será preciso, de início, que o governo brasileiro se entenda. Tome uma decisão uniforme antes de sentar-se à mesa das negociações. Afinal, como na criação irreverente dos saudosos Mamonas Assassinas, até agora nessa festa só estamos... (bem, deixa para lá).

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Nicanor Duarte se despede da presidência do Paraguai

ASSUNÇÃO, 14 Ago 2008 (AFP) - Com entusiasmo e prevendo o retorno ao poder, o atual presidente do Paraguai, Nicanor Duarte, concluiu o último dia de trabalho no Palácio de Governo, acompanhado por um grupo de simpatizantes, exibiu a televisão local nesta quinta-feira.

Com Duarte, finalizam 61 anos de hegemonia dos colorados no poder, 35 deles sob a ditadura do general Alfredo Stroessner (1954/89).

A Constituição reserva aos ex-chefes de Estado o cargo honorífico de senador vitalício, mas sem direito a voto nem salário.
UOL