sexta-feira, 6 de julho de 2012

Amigos de golpe paraguaio não desistem, por Paulo Moreira Leite


Paulo Moreira Leite, ÉPOCA

É tão difícil defender o golpe de Assunção que seus aliados procuram dizer que o ingresso da Venezuela no Mercosul representa a mesma coisa.
É duro de acreditar.
Ocorreu em Assunção um clássico golpe parlamentar, estratégia que sempre fez parte dos movimentos contra a democracia no Continente mas nem sempre foi fácil de realizar.
Em 1973, a CIA despejou milhões de dólares no Chile – a confissão é de William Colby, diretor da agência na época – para ajudar a oposição parlamentar a derrubar Salvador Allende. Num país onde a constituição exigia uma votação de dois terços para o impeachment, a ideia era reunir votos para destituir o presidente depois das eleições ocorridas no fim de 1972. Mas Allende cresceu e a oposição mudou de estratégia. Foi bater à porta dos quartéis.
Em 1962, quando a Casa Branca decidiu apoiar o golpe que derrubou João Goulart, a primeira iniciativa foi assinar um cheque de 5 milhões de dólares para os parlamentares e senadores de oposição. Era tanto dinheiro que se transformou num escândalo, que terminou em CPI, sobre a direção do deputado Rubens Paiva.
Em 64, quando os tanques derrubaram Goulart, um Congresso amolecido e comprado declarou que a “presidência estava vaga” e assim deu posse a Ranieri Mazzili, laranja que antecedeu a posse de Castelo Branco.
A entrada da Venezuela tem, obviamente, outra origem. Não envolve a soberania de um país. O Mercosul é um acordo comercial.
A Venezuela vinha negociando legitimamente seu ingresso no Mercosul. Todos os países haviam cumprido o ritual para permitir sua entrada. Isso aconteceu porque há um interesse comum entre as partes.
Com uma economia de US$ 350 bilhões, ou dez vezes o Paraguai, a Venezuela é um parceiro que interessa aos vizinhos – e vice-versa. O petróleo venezuelano é e será cada vez mais essencial para o desenvolvimento da região.
O mercado interno daquele país é um destino privilegiado para as exportações brasileiras, que ali garantem um importante superávit comercial.
Se você pensa que alianças regionais são estratégia adequada para enfrentar o mundo globalizado, deve concluir que o único problema do ingresso da Venezuela no Mercosul é que ele deveria ter acontecido muito antes.
Quem era contra o ingresso da Venezuela?
Leia a íntegra em Amigos de golpe paraguaio não desistem

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial