sexta-feira, 22 de junho de 2012

Lugo se diz vítima de golpe e recorre contra julgamento (Postado por Lucas Pinheiro)


ASSUNÇÃO - Após se declarar vítima de golpe em entrevista na madrugada de quinta-feira, o presidente Fernando Lugo pediu nesta manhã a suspensão do processo de impeachment até que tenha garantias constitucionais para sua defesa. O dirigente alega inconstitucionalidade do julgamento, aprovado ontem em uma sessão relâmpago na Câmara, e afirma que não vai renunciar apesar de pressões. O ex-bispo estaria reunido nesta manhã com o Partido Colorado, da oposição, para conseguir apoio na votação desta tarde no Senado, quando será decidido seu destino político.

- Mais que uma tentativa, é um golpe de Estado express, porque fizeram o acordo entre a noite e a madrugada - disse Lugo ao canal de televisão venezuelano Telesur. - Inclusive é inconstitucional, porque não respeita o processo correto.
O recurso a favor de Lugo já tinha sido adiantado pelo ministro da Presidência Miguel López Perito, após a reunião com a União das Nações Sul-Americanas (Unasul). O recurso questiona o curto tempo de defesa que será concedio ao presidente nesta tarde e a suposta imparcialidade dos senadores. O ex-bispo terá apenas duas horas para contra argumentar o processo de impeachment. Ontem de noite, López Perito disse que não há dúvidas de que o julgamento no Senado viola a Constituição do país e negou que Lugo esteja pagando para camponeses irem até Assunção apoiá-lo. O advogado do chefe de Estado paraguaio pede 18 dias para preparar a defesa de seu cliente.
Além recorrer, o presidente busca apoio na oposição para evitar seu impeachment. Segundo fontes, Lugo estaria reunido nesta manhã com o Partido Colorado, que tem 15 senadores. Para ser destituído, Lugo precisa de 30 votos. Com a saída do Partido Liberal da coalizão governista, o chefe de Estado só tem o apoio de 3 senadores dos 36 que compõe o Senado.
O presidente é acusado de não exercer suas funções. O estopim teria sido a violenta operação de descupação de uma área próxima à fronteira brasileira, que deixou 17 mortos na semana passada. Lugo alega que os setores mais conservadores da política paraguaia se uniram contra ele por ser serem contrários a mudanças de inclusão social, que estariam sendo promovidas por seu governo.
Clima de tensão no centro da capital
Desde ontem, pessoas de todo país chegam à capital. Segundo jornais locais, já são 2 mil camponeses em Assunção para apoiar o presidente Lugo. O grupo, composto em sua maioria por sem terras, está acampado em uma praça perto do Congresso, que desde quinta-feira está cercado pela polícia. As ruas e o comércio no centro de Assunção estão fechadas, e escolas públicas não estão funcionando. O serviço de transporte público também foi reduzido na capital.
- Estão fazendo uso político da situação e um massacre político contra Lugo. Isto é um complô para tirá-lo da Presidência sem provas - disse Marcos Ibañez, membro do Partido Pekojoja.
A instabilidade política do Paraguai também está movimentando a diplomacia sul-americana. O secretário da Unasul, Alí Rodríguez, disse que a situação política do Paraguai transcende fronteiras e deve ser observada pela comunidade internacional. Rodríguez disse que é preciso estabelecer garantias de defesa para o julgamento de Lugo, entre elas tempo para que presidente formular seu depoimento.
- O que acontecer no Paraguai vai influenciar os países da Unasur - disse Rodríguez.
Uma delegação da Unasul chegou ontem ao Paraguai, em uma missão de emergência liderada pelo chanceler Antonio Patriota. Segundo fontes, o ministro brasileiro teria levado uma mensagem Dilma Rousseff a Assunção, dizendo que o que está acontecendo é inadmissível.
Nesta manhã, representantes da Unasul devem se encontrar com partidos políticos para tentar encontrar uma solução para crise. Lugo não tem maioria no Senado, e a expectativa é que seu impeachment seja aprovado nesta sexta-feira.

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