quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Brasil propõe cargo novo no Mercosul que exige trânsito político na região

Chico de Gois

BRASÍLIA - Nesta quinta-feira, em Foz do Iguaçu (PR), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá repassar a presidência pró-tempore do Mercosul para o Paraguai e, de quebra, exercer uma das práticas mais desenvolvidas durante seu governo: criação de cargo. Esse novo cargo, denominado alto representante geral do Mercosul, foi uma proposta do Brasil e exigirá do futuro ocupante trânsito político na região.
A criação do quadro está prevista na pauta da reunião da 40ª Cúpula de Presidentes de Estados-Partes do Mercosul e Países Associados. O novo quadro terá como função, como definiu o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, cristalizar o pensamento do Mercosul, além de ser um representante do bloco e de construção de consensos.
A especulação inevitável de que o próprio Lula ou o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, que estará fora do ministério a partir de 2011, pudessem ocupar o cargo foi praticamente descartada por Baumbach. Pelo menos, no momento.
" O objetivo primário da proposta brasileira é contribuir para a institucionalização do Mercosul "

- O Brasil, que defende a institucionalização do Mercosul, e que tem se batido por esse ideal, veio com essa proposta, mas não temos nenhum nome para apresentar neste momento - disse Baumbach, observando que a proposta ainda precisa ser aprovada na reunião plenária do Mercosul, o que deverá ocorrer sem dificuldades.
O porta-voz explicou que ainda não foi definido exatamente o perfil do futuro ocupante dessa função - ainda não está claro se ele terá de ser um ex-presidente da República, algum diplomata, um político qualquer ou simplesmente um profissional administrativo.
O que se sabe é que o ocupante do alto cargo poderá ficar na cadeira por três anos, prorrogáveis por outros três por apenas mais um período. O início do mandato também ainda não está definido.
- Isso vai depender de negociações posteriores. Como se sabe, às vezes um cargo como esse é criado e leva-se um tempo até se encontrar um nome que se possa preencher adequadamente essas funções, até porque é necessário, para esse cargo, alguém que tenha trânsito político e possa servir nessas funções de representação do Mercosul - descreveu, adiantando que não há previsão de como será feita a escolha e quais serão os candidatos. - O objetivo primário da proposta brasileira é contribuir para a institucionalização do Mercosul, criação de consensos. Um elemento que seja catalizador dentro do Mercosul. Claro que exige-se da pessoa que ocupar esse cargo um trânsito político, mas não há nada definido sobre quem poderá se candidatar.

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